quinta-feira, 21 de dezembro de 2006

O baú do vovô - Carta de Cocheiro

Notícia nos jornais informava que uma nova lei portuguesa facilitaria a concessão de nacionalidade aos netos de portugueses. Interessei-me, claro, e fui investigar. Infelizmente não é bem isso. A nova lei só facilitou a naturalização dos netos, que agora podem pedi-la mesmo morando fora de Portugal. Quanto à nacionalidade portuguesa, continua sendo concedida somente aos filhos de portugueses, podendo só depois ser estendida aos netos. E as exigências burocráticas são grandes: por exemplo, é preciso apresentar a certidão de nascimento autenticada pelo Ministério das Relações Exteriores em Brasília...
A burocracia brasileira é mesmo herança de nossos descobridores. E isso me fez lembrar de um item do meu baú: a Carta de Cocheiro do meu avô (não tenho o original, esta é uma cópia gentilmente fornecida por meu tio):





Observem que:
  • A Carta é assinada pelo prefeito de Campinas, Heitor Penteado. Ele mesmo, nome de avenida em Campinas e São Paulo. Conheça mais sobre esse ilustre brasileiro aqui.
  • A Carta já tinha categorias, como as carteiras de motoristas. No caso, ele podia dirigir "qualquer vehiculo trellado por dois animaes".
  • A burocracia na época já era muito "avançada", o que demonstra que ela é realmente uma característica histórica de nossa sociedade. Vejam que a cada vez que mudasse de veículo ou de patrão, o cocheiro deveria registrar isso na Carta e pagar 2 mil réis de emolumentos pela averbação. Além disso, observe-se o desenho bem planejado do formulário. Por exemplo, o espaço no final da palavra anima_ para ser preenchido com o singular ou plural. Eu sempre comento que os formulários americanos são geralmente mal desenhados, com pouco espaço para preeenchimento dos campos, ou não prevendo exceções. Isso porque a burocracia lá não é regra, mas exceção, ao contrário daqui...

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