terça-feira, 26 de dezembro de 2006

Encontros e despedidas

Este foi nosso primeiro Natal com o netinho, e foram tantos os presentes que Papai Noel até mandou uma ajudante para ficar de plantão:


O tio Felipe chegou de surpresa na véspera, ele e os tios-avós finalmente puderam conhecer o Guilherme, e o dia de Natal foi como todo Natal deve ser, com a família reunida e muita alegria.





No dia seguinte minha cunhada ligou logo cedo para avisar que seu avô havia partido na noite de Natal, aos 96 anos e 73 (!) de casamento. Não o conheci bem, mas a imagem que ficou dele foi do senhor alegre e dançando muito nas festas da família...

À tarde fiquei trabalhando no escritório e ouvindo sem prestar atenção um burburinho na rua. Quando resolvi olhar pela janela, vi que um caminhão dos bombeiros estava parado na casa em frente, onde a grande amoreira do jardim pendia a 45 graus.


Bem, para encurtar a história, os bombeiros acabaram trazendo um guindaste enorme que ergueu a árvore até quase a vertical. Pensei que iriam então subir e serrar a copa da árvore aos poucos. Mas eles optaram pelo que era mais fácil, baixar a árvore no meio da rua. Só que para isso os bombeiros, muito esforçados e bem-intencionados mas sem nenhum engenheiro para orientá-los, derrubaram outras duas árvores da calçada que estavam no caminho. Dá para entender que eles não gostem das árvores que lhes dão tanto trabalho na época das chuvas; mas quando se pensa em toda a luta dos ambientalistas para manter o pouco de verde que resta na cidade, é revoltante ver duas árvores destruídas por nada...

No meio do trabalho dos bombeiros, no finalzinho da tarde, começou a chover e apareceu a luz do sol já quase se pondo. Pensei: deve ter arco-íris! Fui ao quintal e lá estava ele, talvez o mais bonito arco-iris que já vi em São Paulo. Pena que é tão difícil fotografá-los...


Sei que os arco-íris são o resultado da refração e decomposição da luz solar nas gotas da chuva: mas deixando a ciência de lado, eles têm algo de mágico e nunca deixei de admirá-los.
E neste dia em especial, preferi pensar que ele veio para avisar que estava tudo bem, que no paraíso há um senhor alegre e que gosta de dançar desfrutando da sombra de uma bela amoreira e de duas árvores menores recém-chegadas, e que a vida é isso: bebês que nascem e avós que se vão; árvores que brotam e árvores que caem.
Ou, como bem diz Fernando Brandt,

"Chegar e partir
São só dois lados da mesma viagem
O trem que chega
É o mesmo trem da partida
A hora do encontro
É também despedida
A plataforma dessa estação
É a vida desse meu lugar"...

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